
Em belíssimo poema, Lindolfo Weingärtner “poetou” o seu “Prática da Esperança” que merece ser lido e meditado por todos os irmãos rotarianos, pela sua sabedoria e oportunidade.
PRÁTICA DA ESPERANÇA
Por - Lindolfo Weingärtner
Uma canoa à beira da laguna,
Um velho pescador,
Os pés firmados na proa,
Lançando a tarrafa.
Há meia hora que o estou observando.
É um senhor tarrafeador:
Em círculo a rede cai sobre a água.
Ele espera, enquanto a tarrafa afunda,
Até que suas bordas, pesadas de chumbo,
Toquem o fundo lamacento.
Depois,
Começa a puxar a corda,
Cauteloso,
Com mãos esperançosas, ansiosas,
Sentindo se há vida na rede,
Ou se vai ser outra esperança desfeita.
A rede está vazia.
Ele a sacode, prepara o próximo lance.
Contei os arremessos:
Vinte e três vezes ele lançou a tarrafa.
Vinte e três vezes a tirou da água vazia.
Porque é preciso lançar a rede,
Ensaiando esperança – praticando esperança –
Porque deixar de lançar seria o mesmo que desistir,
E desistir seria igual a morrer.
Ele sabe: Há dias em que é preciso lançar a rede,
Contrariando as expectativas
Contrariando o bom-senso –
Vinte vezes, cinquenta vezes, Cem vezes –
Prática da esperança:
Agradeço-te, velho pescador.
Teu trabalho não foi em vão.
Hoje eu necessitava desesperadamente
Que alguém me desse o recado que acabas de me dar.
Eu o entendi.
Nós, rotarianos e rotarianas, devemos nos mirar no exemplo deste pescador. Não importa se nossos anzóis saem cheios de peixe ou não, pois o que importa é nosso íntimo, nosso ânimo de servir ao próximo, dando de si sem pensar em si. Na verdade, o jantar, presencial ou virtual, será apenas o pretexto de nossa soma de esforços, de nossa intenção de servir, nossa filosofia de agir – fraternidade, e compreensão. Para isto, criemos esperança no mundo, pois somos todos irmãos.

Texto - Eduardo Mayr
Associado Honorário do Rotary Club de Copacabana
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