Há poucos dias foi celebrado o aniversário de vinte anos da publicação de uma série de reportagens, no jornal Folha de São Paulo, sobre uma creche na capital paulista. A manchete, extravagante e chamativa acusava os donos do estabelecimento, de molestar sexualmente as crianças. As televisões reverberaram o assunto de modo escandaloso. Tal hediondo crime não poderia ficar sem uma cobertura nacional. E não ficou. A creche fechou. Seus donos sofreram as agruras de comparecer às delegacias e pagar advogados. Os insultos dos vizinhos. A vergonha de seus parentes e amigos.
Apenas todas as notícias, todas coberturas formaram a mais absurda acusação contra alguém. A denúncia ao repórter, que ficou feliz por dar um "furo" foi dado por uma mãe enraivecida com a escola que, apenas, lhe cobrou a mensalidade que há seis meses não recebia. Não coube ao repórter uma investigação. Uma simples visita a creche. Não poderia perder o sensacionalismo da maldita notícia.
O resultado foi catastrófico para a creche e seus donos. Tudo falso. Inventado. Produzido para destruir. Nada sobrou para os donos da creche senão a tristeza eterna.
O esclarecimento, tardio, veio com notas de rodapé. Ninguém leu.
Os tabloides ingleses se vangloriam de sua capacidade demoníaca de destruir personalidades. Se for da corte, então, as notícias caluniosas saem em manchetes de meia página. Os príncipes não namoram. Fornicam. A princesa é vadia por sair à noite. Depois as desculpas esfarrapadas.
A liberdade, submetida à denúncias irresponsáveis, patrocinadas pela ditadura dos microfones ou das páginas dos jornais, deveria ser protegida por desmentidos de igual tamanho e de tempo destinados a defender a quem tenha sido ofendido.
A liberdade de imprensa é uma conquista da humanidade e não pode ser destruída por quem a usa para atender interesses próprios, às vezes, impublicáveis.
Cp. Antenor Leal
Rotary Club de Copacabana
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